terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O desenvolvimento da máfia


Diversos aspectos da vida mafiosa que têm sobrevivido aos séculos nasceram durante a transição do sistema feudal para uma forma de governo moderno na Sicília. A expressão cosa nostra - "coisa nossa" - era utilizada na Sicília para descrever o estilo de vida de um mafioso. O manto de segredo que envolvia as atividades da máfia na Sicília tornou-se conhecido como omerta, a lei do silêncio. Este pacto servia de proteção aos chefões da máfia contra as atividades dos criminosos que ocupavam níveis inferiores na organização. A prática de recrutar garotos para a máfia, culminando com o teste final, também tem sua origem na Sicília.
No começo do século XX o crime organizado estava tão profundamente enraizado na vida siciliana que evitar qualquer contato com a máfia era algo impossível. O ditador Benito Mussolini combateu a máfia com mão de ferro utilizando métodos hostis e, não raro, violentos. No entanto, quando as tropas norte-americanas ocuparam a Sicília durante a Segunda Guerra Mundial, elas confundiram os criminosos encarcerados com prisioneiros políticos e não apenas os libertaram como também fizeram muitos deles prefeitos e chefes de polícia. Não demorou muito e a máfia já tinha firmado domínio sobre o Partido Democrata-Cristão italiano.
Nos anos do pós-guerra, as várias famílias rivais da Sicília chegaram à conclusão de que estavam perdendo dinheiro com suas constantes disputas. Elas convocaram um cessar-fogo e constituíram um grupo denominado a Cupola para supervisionar as operações de todas as famílias e aprovar todos os grandes empreendimentos e assassinatos. Um sistema semelhante seria colocado em prática pelas famílias norte-americanas durante a década de 50. Embora tenham conseguido sufocar as guerras entre gangues durante algum tempo, essas comissões deixavam os chefões vulneráveis a processos judiciais, pois, com a Cupola em atuação, eram eles que aprovavam pessoalmente os assassinatos.
A luta contra a máfia siciliana atingiu seu auge na década de 80. Dois importantes promotores de justiça, que tinham causado muito estrago à máfia, foram assassinados em atentados à bomba. A população ficou indignada e o governo finalmente respondeu com o chamado maxiprocesso. Mais de 400 mafiosos foram julgados em uma casamata especialmente construída para servir de tribunal. Os réus ficavam em grandes celas no fundo da sala de julgamentos, de onde freqüentemente gritavam e proferiam ameaças contra as testemunhas à medida que o julgamento seguia seu curso. No fim, 338 mafiosos foram condenados.
Isso, porém, não foi suficiente para erradicar a máfia da Sicília. Em 1992, o governo italiano ainda teve que enviar 7.000 soldados para a Sicília. Eles ocuparam a ilha até 1998. A máfia siciliana está na ativa até hoje, porém mais calma e menos violenta.

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